Maio de 2015

01/05/2015 12:46

De Sky and Observers, por Antônio Rosa Campos

https://skyandobservers.blogspot.com.br

 

Planetas, asteroides e cometas!

A oposição de Saturno em 22 de maio próximo, fará com que ele (e também Júpiter e seus satélites) sejam os objetos mais observados em nossas Star Parties;

Júpiter (-2.0), Saturno e Vênus estarão dominando o céu sendo que até na primeira metade da noite, teremos a oportunidade de acompanhar Júpiter e seus satélites naturais, quando novamente diversos eventos mútuos de desaparecimento, reaparecimento, eclipses entre eles estarão ocorrendo. A tabela 3 abaixo, extraída do Almanaque Astronômico Brasileiro (disponível para download em: https://www.ceamig.org.br/5_divu/alma2015.pdf) do CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), apresenta o diagrama saca rolhas e uma efeméride para esse mês com os principais eventos dos satélites galileanos. 

 

Como mencionada a oposição de Saturno este ano o deixará mais favorável às observações (consequentemente também a identificação de seus satélites naturais) devido a sua distância a Terra, sendo estimada em 8.9673933 u.a, magnitude 0.0 e um diâmetro de 18,45" dando uma boa oportunidade também para o registro de seus anéis. Mercúrio (1.4), então neste período deverá apresentar sua fase em dicotomia já em 02/05; em 07 de maio, já em máxima elongação leste (21.2º E) ou vespertina. Destes dias também o brilhante Vênus (-4.2) estará aumentando suas elongações de forma que seu posicionamento vespertino esteja completamente favorável a mais uma época para observações, época então extremamente oportuna para o registro de suas fases. Marte (1.5) agora está de fato mergulhado na claridade da luz solar, conforme podemos constatar numa breve análise da tabela 4 abaixo, o melhor então e começar a planejar seus registros observacionais na sua próxima elongação matutina que terá início em julho.

Conforme comentado no mês anterior, Urano (5.9) esteve em sua conjunção com o Sol e também no Apogeo de sua órbita; mas chamará a atenção de nossos observadores neste mês devido a sua ocultação diurna pelo disco lunar em 15 de maio próximo. Geralmente alguns observadores conseguem algum registro, visto que o tempo de duração da ocultação do disco planetário e bem amplo, estimado aproximadamente entre +/- 4.3 à +/- 4,8 segundos; Netuno(7.9) continua aumentando suas elongações, sendo que neste mês ele continuará com a mesma magnitude e visibilidade na madrugada.

Cometas
 

 
As boas surpresas proporcionadas por esses visitantes são mesmo um atrativo a parte para os mais atentos a seus movimentos pela esfera celeste. Recém descoberto (em 07 de abril último na constelação de Capricórnio, pela equipe do MASTER-SAAO Observatory, Sutherland – África do Sul), o cometa C/2015 G2 MASTER, sem sombra de dúvidas já seu tornou nesses dias a grata surpresa celeste, haja visto sua proximidade em 18 de abril com a nebulosa Helix (NGC 7293) em Aquário. Já então neste mês, além de seu periélio que ocorrerá em 23 de maio, teremos sua maior proximidade a Terra quando então sua distância estará estimada em cerca de 0.474 u.a., conforme podemos consultar na tabela 5 abaixo.
 
 
CONSTELAÇÃO:
 
Musca
 
A ideia de representar também no céu alguns animais, um tanto quanto excêntricos e existentes nos mares do sul, parece realmente ter encantado o médico e astrônomo Jean Bayer incluiu além de outras constelações uma abelha no céu, essa denominação parece encontrar-se na obra Uranometrie, publicada em 1604. Esta constelação, inicialmente designada como Abelha, por John Bayer em 1603, foi mais tarde nomeada Mosca pelo astrônomo germânico Jacob Bartschius. De fácil localização, essa constelação austral (figura. 4) está compreendida entre as ascensões retas de 15h25min e 16h31min, e as declinações de -42˚,2 e -60˚,2 sendo limitada ao sul pela constelação de Chamaeleon (Camaleão), a oeste por Carina (Quilha), ao norte por Centaurus (Centauro) e Crux (Cruzeiro do Sul) e a leste por Circinus (Bússula) e Apus (Ave do Paraíso), ocupando uma área de 138 graus quadrados. (MOURÃO, 1987).
 
 
Muito embora seja essa constelação pequena, você se surpreenderá bastante, pois aquela região celeste de Musca é bem grande, se comparada com sua vizinha Crux. Desta forma e com estrelas de muito fácil localização, encontraremos Alfa Muscae uma estrela branco azulada de magnitude 2.6, tipo e classe espectral B2IV-V (WDS, 2014), Beta Muscae, de magnitude 3.0, tipo e classe espectral B2.5V (WDS, 2014) e Gamma Muscae, de magnitude 3.5, tipo e classe espectral B4V, todas elas de fácil localização; entretanto se utilizarmos aberturas de 250mm teremos a grata surpresa de observar a companheira de Beta Muscae b, de magnitude 3.9. Vão completar ainda esse quadro naquela parte da constelação, Lambda Muscae, uma estrela anã branca de magnitude 3.6, classe e tipo espectral A7V, que encontra a cerca de 127 a.l de distância do Sol; na região mais austral da constelação encontraremos Delta Muscae, uma gigante alaranjada de magnitude 3.6, classe e tipo espectral K2III, dentre elas a que se encontra mais próxima, cerca de 90.9 anos luz de distância.
 
Aglomerados Globulares na Musca
 
 
Embora estejam próximos daquela região celeste, excepcionais cúmulos de estrelas e nebulosas separamos 2 objetos de céu profundo (DSO = Deep-Sky Objetcs) bem ao alcance da instrumentação mais utilizada por nós, os telescópios de pequeno e médio porte. Então o Aglomerado Aberto NGC 4833 (figura 5) é muito fácil de encontrar visto sua magnitude 8.4, localizando se próximo a estrela Delta Muscae. Mas será HD 112608, uma estrela amarela de magnitude 8.0 que denunciará a presença do aglomerado no campo ótico de uma ocular de grande campo, uma vez que dentro de seu bojo a maior parte das estrelas, encontram-se com magnitude em torno de 12; como bem descreveu John Herschel: brilhante, grande, redondo, de forma gradual, em seguida muito de repente, mais brilhante no meio (O'MEARA e MOORE, 2002).
 
Entretanto já para o Aglomerado Globular NGC 4372, o observador John Herschel o classificou como: muito  fraco, grande e redondo. De fato as estrelas em seu núcleo central são menos brilhantes; entretanto HD 107947 uma estrela branca de magnitude 6.6, classe e tipo espectral A0V denunciará as demais de delicado e fraco brilho. 
 
As Variáveis Cefeidas Clássicas
 
As estrelas variáveis cefeídas clássicas, são estrelas que variam entre o maior e o menor brilho; portão são estrelas variáveis muito luminosas. A grande importância das estrelas Cefeidas está em sua utilização para a determinação de distâncias galácticas e extragalácticas; desta forma uma vez mensurada a sua luminosidade, podemos determinar também a sua luminosidade intrínseca o que permite conhecer a sua distância pela fórmula: m - M 5 - 5 log d.
 
As Variáveis Cefeidas estão ainda divididas em várias subclasses que exibem diferentes massas, idades e histórias evolutivas e na constelação de Musca podemos encontrar alguns ótimos exemplares; desta forma selecionamos 2 em especial, R Muscae e S Muscaerespectivamente, apresentando na tabela 6 abaixo suas efemérides para os próximos meses: 
 
 T e BO Mus - Variáveis de Longo Período
 
 
T e BO Mus são estrelas variáveis LPV (Variáveis de Longo Período, do inglês = Long Period Variables), cuja amplitude de brilho no caso de BO Muscae em seu período de máximo já está dentro do limite de visibilidade a olho nu (neste caso 5.3), de tipo e classe espectral M6II-III (uma gigante vermelha) e com um período de 134.2 dias. T Muscae, já não estará dentro deste limite visto que seus máximos e mínimos visuais em 7.6 - 8.6, respectivamente, entretanto perfeitamente ao alcance de pequeno instrumental.
 
No último mês, segundo a publicação da AAVSO (American Association of Variable Star Observers), “LPV Circular for Mar 25, 2015 to Apr 24, 2015”, o observador australiano de estrelas variáveis Andrew Pearce, informou as seguintes estimativas para T Mus: 8.8 e 8.9 respectivamente; já BO Mus suas estimativas foram: 6.1 e 6.2. Desta forma e incentivando sempre as observações visuais destas estrelas, encontraremos na tabela 7, efemérides geradas também pela AAVSO para o período 2015 - 2017.
 
Diante de uma área celeste tão densamente povoada de objetos de tantas peculiaridades, que como exemplo foram acima mencionados, eu tenho certeza que essa mosca não vai atrapalhar nossas observações; alias será o oposto, pois quando você apontar seu telescópio naquela região celeste, então você ficará contagiado pelas maravilhas que guardam aquela parte surpreendente do firmamento.