Ursa Menor

09/09/2013 13:58

 

Pequena Maravilha: Ursa Menor
Um guia mensal do céu noturno
por Tom Trusock
 

Carta de Grande Campo

Lista
de Alvos
Nome                         Tipo      Tamanho           Mag   RA                 DEC
alpha Ursae Minoris     Db St                       2.0      02h 36m 49.6s  +89° 17' 03"
(Polaris)
beta Ursae Minoris      St                              2.1      14h 50m 45.3s  +74° 08' 12"
(Kochab)
The Engagement Ring  Asterism                                02h 36m 49.6s  +89° 17' 03"
NGC 6068                 Galaxy     1.0'x0.7'    12.4     15h 55m 16.3s  +78° 59' 00"
NGC 6217                 Galaxy     3.0'x2.5'    11.0     16h 32m 29.2s  +78° 11' 22"
NGC 3172                 Galaxy     1.0'x0.7'    14.4     11h 48m 00.8s  +89° 04' 07"
Objeto    
Desafio

HCG84                       Gal Clu                       14.7    16h 44m 14.8s  +77° 47' 29"
UGC 9749                  Galaxy     27.3'x16.0'  10.9    15h 08m 54.6s  +67° 10' 57"
 
 
 
Ursa Menor é provavelmente um dos mais conhecidos asterismos em todo o céu. Quase todo mundo já ouviu falar da "Little Dipper", mas, ironicamente, entre não astrônomos, é um dos grupos de estrela menos identificadas do céu. Enquanto muitos pensam que as estrelas de frente do Big Dipper (reconhecidas em todo o mundo) apontam para Polaris, muitos não astrônomos que  olham para a "Little Dipper" a identifica com M45 - Plêiades. A verdadeira origem da pequena ursa é envolta em mistério, mas há evidências de que ela foi trazida até nós desde os gregos do século 3 AC. Há também especulações de que ela pode até mesmo ser uma criação mais recente, formada a partir de estrelas que demarcaram as asas de Draco.

Embora seja um tanto estéril de objectos do céu profundo, esta área é de interesse em si mesma como um parâmetro das condições de céu. Embora encontre LMAN (Limite de Magnitude a Olho Nu) em partes diferentes do céu, eu olho para Ursa Menor todas as noites para um rápido check. As estrelas que compõe este asterismo variam de forma bastante equilibrada de magnitude 2 a magnitude 5, e oferecem uma estimativa rápida para condições do céu locais. Embora consiga se destaca bem de minha casa no campo, luar ou neblina pode facilmente reduzir o meu LMAN. Se apenas algumas estrelas são visíveis, eu sei que tenho de reavaliar as minhas expectativas para o céu profundo em determinada noite. Esta é uma ótima maneira (e fácil) para avaliar as condições do céu local.
 
 


A estrela mais famosa do céu noturno é sem dúvida Polaris, a Estrela do Norte. Para a maioria na história registrada recente, Polaris é conhecida no mundo como a estrela que aponta o caminho. Ela teve muitos nomes. O banco de dados no SkyMap Pro lista alguns: Alruccabah, Cynosura, Phoenice, Lodestar, Estrela Polar, Tramontana, Angel Stern, Navigatoria, Estrela da Arcádia, Yilduz e Mismar. Polaris ou (ok, mais um) Alpha Ursa Minoris, mais precisa do que uma bússola, na verdade fica a cerca de 3/4 de um grau de distância do norte verdadeiro. Mas a posição relativa entre o norte e a Estrela do Norte está mudando constantemente. Por causa de um fenômeno conhecido como precessão, que é basicamente uma oscilação da terra ao longo de seu eixo, muito parecido com o de um pião ao girar. O pólo norte traça um círculo de 47 graus de diâmetro no céu noturno. Enquanto Polaris é atualmente a estrela polar, este nem sempre foi o caso, e nem será.


Se olhar na imagem à direita, verá o traçado do círculo do pólo norte no céu noturno. As marcas de tiques denotam os intervalos de cerca de 5200 anos. Assim, daqui a 5200 anos, a estrela polar será Alfa Cepheus - Alderamin, enquanto a cerca de 4.600 anos atrás (durante o tempo das pirâmides), a estrela polar era Thuban em Draco.

Precessão é também a razão que atlas estelares e seus sistemas de coordenadas são datados, mais comumente 1950 ou 2000. Hoje, Polaris esta na declinação 90 graus (bem 89 graus 15 minutos para ser mais preciso) e Alderamin está em 62,5 graus de declinação. Daqui a 5000 anos ou mais, Alderamin vai estar quase a 90 graus de declinação enquanto Polaris vai estar afastada. Polaris vai continuar a aproximar-se do pólo até em algum momento de 2102, quando ela atinge sua máxima aproximação, pouco menos de 30' de grau, o tamanho aparente de uma lua cheia, depois ela começa a sair do palco. Então aprecie o reinado de Polaris como a estrela do norte, enquanto durar.


Como você pode ver a imagem de John Crilly à esquerda, Polaris também é uma estrela dupla. Para aqueles de nós que vivem no hemisfério norte e usam o telecópio auxiliado por computador é de conhecimento bastante comum. Embora eu não seja muito um observador de estrelas duplas, Polaris é uma que observo na maioria das noites claras, até por ser uma estrela utilizada muito para alinhamento.

Curiosamente, Polaris também é uma variável, embora uma variável de pouca variação, apenas cerca de 0,04 mag em um período de 4 dias. Assim, enquanto não seja realmente suficiente para notar, este simples fato serve para torná-la uma das poucas estrelas variáveis, que eu também observo regularmente.

Com aumento suficiente, em torno de 130x, consigo dividi-la em um telescópio de 66 milímetros, mas é muito mais fácil em aberturas maiores (ampliação moderada no meu telescópio de 18" mostra a separação com folga. Visualmente, a estrela primária de mag. 2 tem um amarelo dourado agradável, e a secundárai em mag 9.1 um branco suave. A separação atual é de cerca de 18" de grau. Com a proximidade da dupla, sua posição fixa no céu noturno e mais a diferença bastante grande em magnitudes, sugere que esta dupla seria um bom teste de qualidade óptica em um pequeno telescópio, mas não ouvi muitos relatos de pessoas que a observou, e muito menos faz um teste de suas óticas com ela.

Si Polaris é uma binária espectroscópica, mas não foi dividida (por este escritor) por qualquer outro recurso.
 


Cortesia da Astrônoma Suiça, Amalia 


Quando olhar para Polaris, pegue um binóculos ou algo que lhe dê baixa ampliação e um amplo campo de visão. Agora faça uma busca na área em torno de Polaris, bem-vindo ao anel de noivado. Para vê-lo no seu melhor, você vai precisar de algo que proporcione 2 graus (ou mais) de campo. Phill Harrington faz menção deste asterismo em "Touring the Universe with Binoculars" e o nomeia de Harrington 1, mas apesar dessa designação em catálogo recente, essa designação tem sido conhecida há muito tempo como ainda aparece no clássico Celestial Handbook Burnham. Com Polaris como o diamante, ele se mostra melhor em binóculos ou pequenos telescópios, com largura de campo. Vale a pena dar uma olhada.

A segunda estrela mais brilhante em Ursa Menor (beta UMI) é Kochab, também vale uma olhada com telescópio pequeno ou binóculos. Kochab é uma dupla bem separada (na verdade 20,5 vezes maior), com separação de 209". O nome Kochab é originário do árabe Al-Kaukab al-shamaliyy significado, "A estrela do Norte", apenas um resquício de seu mandato como a estrela pólar há 3000 anos atrás. A principal tem mag 2, enquanto o secundária regista um fraco 11.4 de magnitude. Normalmente não olho para Kochab como uma estrela dupla, mas quando a observo, vejo uma agradável e intensa cor dourada. Dê uma olhada e me diga o que você vê.

 


 

Uma vez que esteja no anel de noivado,  aponte o telecópio mais acima e dê uma olhada em NGC 3172. Não espere muito, visualmente não há muito por lá. A partir de um local no suburbio, você precisará de um telescópio maior e um pouco de sorte para ver algo. A partir de um local mais escuro, 8" ou 10" deveria ser o suficiente para mostrar-lhe alguma coisa. A única razão para a inclusão desta galáxia este mês não está no que você pode ver, mas pelo que é. Sendo a mais próxima galáxia NGC do pólo norte Este título lhe rendeu um pomposo nome - Polarissima Borealis. Se você não conseguir vê-la, dê em si mesmo um tapinha nas costas e console-se (Você vai me ouvir dizer isso pelo menos mais um vez este mês.)
 
Agora vamos descer ao cabo da panela e dar uma olhada em dois outros objetos não desafio (relativamente falando, pelo menos para os telescópios maiores) desta noite:
 



 



Courtesia da Astrônoma Suiça, Amalia


Primeira parada, NGC 6068. Em telescópios menores, procure um leve aspecto de gaze, com os moderadamente maiores você deve ser capaz de ver a companheira da galáxia, 6068A. No meu 18", o núcleo de 6068 destaca-se brilhantemente e eu posso ver um halo exterior difuso.



Em seguida, encontramos NGC 6217. Se tivesse que escolher uma galáxia para ser a final em Ursa Menor, teria que ser 6217. Ironicamente, esta é a única entrada para a Ursa Menor no catalogo "Observing Handbook and Catalogue of Deep-Sky Objects" de Luginbuhl e Skiff, de objectos do céu profundo, um excelente recurso para os telescópios de 60 milímetros a 12 centímetros. Mesmo assim, em telescópios menores acho 6217 decididamente pouco espetacular, longe de ser definida , bem, não é tão difícil em um 8", embora seja mais difícil, não é impossível em um telecópio de 4" se você tem boas condições de céu. No meu 18", muitos dos detalhes na foto são visíveis, embora seja um pouco mais fraca em ampliações moderadas Eu posso ver o núcleo como uma estrela brilhante, a barra central, e se eu olhar com cuidado até tenho um vislumbre dos braços espirais Se você ver uma estrela sobreposta perto do núcleo da galáxia; relaxe. Mesmo que ela não seja muito visível na imagem DSS, é uma estrela de primeiro plano, e não uma supernova.


Cortesia da Astrônoma Suiça, Amalia

Assim acabamos com os "objetos fáceis" deste mês, vamos ao objetos desafios.

Este mês temos dois.  
 

O primeiro, e mais fácil, UGC 9749, uma galáxia anã em Ursa Menor. Este é um membro do grupo local "próximo" , um satélite da nossa Via Láctea. Em uma magnitude listada visual de 10,9. Se pensa que é um alvo fácil, você esta errado.  

UGC 9749 é um exercício importante para compreender o conceito de brilho superficial. A magnitude normalmente coletados para qualquer objeto é a magnitude integrada (seja visual ou fotográfica). Uma maneira simples de pensar sobre a magnitude integrada é imaginar que o objeto reduziu-se até um ponto, que então, seria a sua magnitude ou brilho. Se é um objeto pequeno, a magnitude listada muitas vezes é um bom indicador de quão fácil o alvo pode ser detectado. Para objetos maiores, não é muito útil. o melhor indicador de visibilidade de um objetos extenso é o brilho superficial, uma medida para o brilho do objeto por unidade de área, normalmente é expressa como magnitudes por metro quadrado minuto de arco e segundo de arco.

Uma fonte colocal o brilho superficial de UGC 9749 em 17.8.

Fui incapaz de encontrar a confirmação disso, mas basta dizer que sabendo que tem 41x26 minutos de arco de tamanho (isso mesmo, minutos de arco, não segundos) a mag 10,9 está espalhada por uma grande área. Esta galáxia anã elíptica ou esferoidal esta relativamente perto, a uma distância de cerca de 240.000 anos-luz, e foi descoberta em 1954 por AG Wilson no Palomar Deep Sky Survey. Ironicamente, a anã não se mostrou bem nas imagens DSS digitalizados que tive acesso, assim sendo, não temos nenhuma imagem.

O truque para encontrá-la é fazer a varredura na área com baixas ampliações, com o maior telescópio à sua disposição. Mantenha o campos tão amplo quanto possível, lembre-se, em sua totalidade esse objeto é maior que a lua cheia. Não olhe para uma galáxia típica (é como a Galaxy de Bernard que discutimos no verão passado) , em vez disso procure no geral um brilho de fundo no céu. Do meu local rural, isso é visível no meu 18" como um brilho granular em um grande pedaço do céu. Tenho que  percorrer  área para descobrir os limites da anã. Não desânime, telescópios menores a encontraram, eu vi pelo menos uma referência ao fato de ser vista com um telecópio de 13" sob céus escuros. Eu estaria muito interessado em ouvir sobre o menor telecópio que você conseguiu pegá-la.



Finalmente, o último objeto do mês deve provar ser um desafio até mesmo para os observadores com grandes telescópios.

Até agora, repare que eu coloquei objetos do "Atlas of Compact Galaxy Groupsin" de Paul Hickson como objetos desafio. Desde a publicação do catálogo em 1994, os observadores com grandes telescópios foram buscando um a um nesta lista, a isso eu me dediquei com toda à minha disposição. Acho que é popular entre os observadores do céu profundo, por várias razões:

1) é uma lista finita, há um total de 100, por isso é bastante manejável, em tamanho;

2) muitos dos itens são destaques bastante populares, galáxias que estão aparentemente interagindo, especialmente quando há várias em uma pequena área do céu, são sempre visualmente interessante;

3) a maioria delas estão ao alcance visual de um observador que tem acesso a céus bastante escuros e um telecópio de tamanho decente.

 

Talvez o mais conhecido Hickson é HGC92, Quinteto de Stephan, mas alguns dos outros certamente não são estranhos, Septeto de Copeland, Sexteto de Seyfert e A Caixa também são populares para astrônomos e ouvido por muitos que sonham com o reino das galáxias .




Em contraste direto com algumas das outras entradas do catálogo, Hickson 84 não é grande, brilhante ou conhecida. Na verdade, para ser franco, não é mesmo tão interessante para o observador visual. É, contudo, interessante por pelo menos duas razões. Primeiro, é a única Hickson em Ursa Menor (que como vimos é uma espécie de constelação estéril de atrações) e, segundo, a magnitude integrada de 14,7, não é um dos Hicksons mais brilhantes e, portanto, apresenta-se como uma espécie de desafio, mesmo para um telecópio de 18" sob céus decentes.
Um desafio é sempre bom.

Enquanto há seis membros no grupo, só fui capaz de ver os três maiores e mais brilhantes; PCG 58884 (mag 16,4), PCG 58877 (mag 14,63) e PCG 58873 (mag 15.13) com o meu 18" de meu quintal na península menor de Michigan. Usando cartas localizei a área geral em 200x, mas não conseguia ver nada. Continuei aumentando a ampliação e, finalmente, em 400x estes três saltaram do fundo, orientados em uma linha no sentido SE para NW.

Se você conseguir pegá-los, dê um tapinha na costa, parabéns.

Leitura Adicional:

Precession of the Earth - by Dr Jamie Love
https://intranet.rocklizard.org/astronomyclass/precess.htm
 

Se você gostou deste artigo, leia o restante da série.

 

Imagens fotográficas cortesia de DSS: copyright notice 
https://archive.stsci.edu/dss/acknowledging.html

Cartas estelares cortesia de Chris Marriott, SkyMap Pro 10 Printed with Permission
https://www.skymap.com